terça-feira, 16 de setembro de 2008

OS NOVE MANDAMENTOS


Caso o jornalismo fosse uma religião, quais seriam os mandamentos de seus seguidores?

Não com a intenção de criar uma seita, mas sim de elaborar um manual de conduta para jornalistas, dois norte-americanos lideraram a criação de algo que chamaram de “Comitê dos Jornalistas Preocupados” e saíram pelos EUA para ouvir algumas pessoas durante dois anos. Era 1997.

Vinte e uma discussões públicas e três mil pessoas consultadas depois – sendo cerca de 300 jornalistas -, Bill Kovach e Tom Rosenstiel compilaram as conclusões e lançaram “Os elementos do Jornalismo – O que os jornalistas devem saber e o público exigir”.

Em algum lugar na orelha da publicação, diz que o livro está escrito para jornalistas, mas que qualquer cidadão que estivesse curioso em saber porque as coberturas noticiosas andam tão ruins deveria lê-lo. Não recomendo isso.

“Elementos do Jornalismo” é um profundo e comprometido mergulho na busca de respostas para alguns problemas da profissão. Mas é também um dedo na ferida de quem já passou por uma redação e já descobriu do que são feitas as leis e as salsichas. Por isso, é justamente a sua relação entre a teoria e a prática que o torna tão interessante. Para os de fora, soaria ficção científica.

Mas esse não é um livro apocalíptico.

“Elementos” tem como grande contribuição sintetizar os nove mandamentos para um bom jornalismo. Alguns tão óbvios que dá vontade de chorar quando lembramos que não estão sendo praticados, e que por isso estão ganhando um livro. Um exemplo, o primeiro mandamento: “A primeira obrigação do jornalismo é com a verdade”.

Definitivamente, Jason Blair não leu este livro.

“Elementos” é mais do que um aparente guia moral de "recém-formados jornalistas virgens cristãos de bom coração". Kovach e Rosenstiel provam por A+B que cada um destes nove mandamentos possui uma carga de relevância visceral para quem se diz jornalista, e ajudam a compreender como, na verdade, é simples fazer jornalismo: em resumo, é uma questão de caráter. A pesquisa traz dados, números, cases e toda uma sorte de outras boas justificativas para embasar isso.

Por fim, apenas para manter o óbvio, este livro deve ser lido sob a ótica de um trabalho organizado através da realidade norte-americana. Isso pode trazer uma sensação que transita entre o tédio e o surpreendente, principalmente quando se percebe como o pensar jornalismo ainda engatinha por nossas bandas.

Um comentário:

Gilberto Consoni disse...

Paulo,

Excelente texto e argumentação. Apenas conversaremos a respeito das tags nas próximas aula e teu blog está ficando muito bom, parabéns.

Abraços